Estreias de 16/4/2010

CAÇADOR DE RECOMPENSAS
The bounty hunter
EUA, 2009 / Comédia
Direção: Andy Tennant
Elenco: Gerard Butler, Jennifer Aniston.

Crítica: Na trama desta comédia romântica, a jornalista Nicole corre o risco de ser presa a menos que compareça ao tribunal. Repórter ciosa de seu ofício, ela prefere seguir os palpites de uma fonte a enfrentar o júri. Melhor para seu ex-marido Milo, caçador de recompensas, que vê na situação uma oportunidade de entregá-la para a polícia e receber uma polpuda compensação. No entanto, o crime que Nicole investiga tem como participantes antigos colegas de polícia de Milo - que ainda é perseguido por capangas, a quem deve uma pequena fortuna. Na tela, sobram divertidas peripécias vividas pela dupla de protagonistas, com piadas que unicamente dependem da vigorosa química entre os atores. A dupla consegue superar o roteiro e dar vida a seus personagens - apesar de suas limitações dramáticas. Embora comédias românticas sejam universais, esta, por exemplo, deve ser recomendada a um público específico: os fãs dos protagonistas. Sem eles, não haveria história e, claro, interesse. (Rodrigo Zavala, do Cineweb)

ZONA VERDE
Green zone
EUA, 2010 / Suspense
Direção: Paul Greengrass
Elenco: Matt Damon, Jason Isaacs, Brendan Gleeson, Greg Kinnear.

Crítica: Num primeiro momento, o longa parece mais um suspense de guerra que tem como pano de fundo a presença norte-americana no Iraque. No entanto, à medida em que o filme avança, outros assuntos vêm à tona. O grande tema aqui é a manipulação da informação sobre o conflito no Iraque. Em primeiro plano, está um subtenente do Exército norte-americano que começa a desconfiar que há algo de errado quando, pela terceira vez, sua equipe é mandada a um local onde supostamente haveria armas de destruição de massa de Saddam Hussein, e nada é encontrado. Atento, ele se empenha em descobrir por que sempre que recebe uma missão, ela o leva a um lugar onde não há nada, colocando em risco a vida de seu grupo. No caminho, encontra um caderno que contém os esconderijos de alguns dos mais procurados membros do partido de Saddam, ainda fugitivos. Greengrass, que começou a carreira cobrindo guerras como cinegrafista para um canal de TV inglês, retorna às suas origens aliando-as à experiência que acumulou nos últimos anos, com filmes como "Voo United 93", "A supremacia Bourne" e "O ultimato Bourne". O diretor faz um filme sobre questões políticas usando recursos de um suspense, retomando um patamar que parecia esquecido nos anos 1970. (Alysson Oliveira, do Cineweb)

AS MELHORES COISAS DO MUNDO
As melhores coisas do mundo
Brasil, 2010 / Drama
Direção: Laís Bodanzky
Elenco: Paulo Vilhena, Gabriela Rocha, Caio Blat.

Crítica: Laís Bodanzky volta ao universo jovem que marcou sua estreia em "Bicho de sete cabeças". Partindo da série de livros "Mano", de Heloísa Prieto e Gilberto Dimenstein, o roteiro conta a história de um garoto de 15 anos e seu irmão mais velho. Os dois têm uma vida tranquila, estudando no mesmo colégio, até o dia em que seus pais anunciam a separação. Abalado pela notícia, o filho mais novo divide as dores com os amigos na escola. Além do tema do divórcio, o filme aborda sexualidade, uso de drogas, fixação na tecnologia e até mesmo um pesadelo bem atual, o "cyberbullying" (assédio ou constrangimento feito através do celular e da internet). Com "As melhores coisas do mundo", a diretora dá uma grande contribuição para oferecer uma obra voltada preferencialmente para a faixa etária que costuma lotar os cinemas em todo mundo e que aqui no Brasil, incompreensivelmente, vinha sendo bastante desconsiderada. (Neusa Barbosa, do Cineweb)

VIDAS QUE SE CRUZAM
The burning plain
EUA/Argentina, 2008 / Drama
Direção: Guillermo Arriaga
Elenco: Charlize Theron, Kim Basinger, Jennifer Lawrence.

Crítica: O premiado roteirista mexicano Guillermo Arriaga (de "Babel") estreia na direção de longas com um drama fragmentado sobre destinos que se encontram em algum lugar da história. Um destes destinos é o de Sylvia, dona de um restaurante que, na vida pessoal, tem hábitos autodestrutivos, como fazer cortes em si mesma e levar para a cama completos desconhecidos. Outra história abordada no filme é a do casal de amantes Kim e Almeida. Ela tem problemas com sua filha que, mais tarde, começa a namorar o filho de Almeida. Arriaga leva para o filme deslumbramentos de iniciante. O problema não são os truques narrativos e visuais em si, mas a insistência com que aparecem no filme, com o diretor terminando por se apoiar demais em metáforas que são fáceis de decifrar. A fragmentação do tempo no filme mais parece um recurso para tentar dar mais densidade a uma história, no fundo, banal. Assim, o único ponto positivo, a bela fotografia, é desperdiçado em uma produção muito irregular. (Alysson Oliveira, do Cineweb)

MARY E MAX
Mary and Max
Australia, 2009 / Animação
Direção: Adam Elliot
Vozes: Toni Collette, Philip Seymour Hoffman, Eric Bana.

Crítica: A bela animação conta a história de Mary, uma solitária menina australiana que não tem o amor dos pais, e Max, adulto de Nova York que "gostaria de morar na Lua para não ter contato com as pessoas". Apesar da distância e das peculiaridades de cada um, Mary e Max tornam-se amigos por correspondência. A troca de cartas começa meio a contragosto por parte do norte-americano, mas aos poucos a amizade floresce, nos moldes do filme "Nunca te vi, sempre te amei". O filme acompanha alguns anos das idas e vindas das missivas e na vida dos dois personagens. A animação começa como uma comédia bizarra e caminha rumo a um drama melancólico. Seus temas e a forma como são abordados deixam claro que não se trata de um filme para o público infantil. Mas também parece não encontrar totalmente seu tom para dirigir-se ao público adulto. Por fim, fica num meio termo que, embora bonitinho, às vezes parece uma piada esticada demais. Eliott, que ganhou um Oscar por seu curta "Harvie Krumpet", também assina o desenho de produção. (Alysson Oliveira, do Cineweb)

RITA CADILLAC - A LADY DO POVO
Rita Cadillac – A lady do povo
Brasil, 2007 / Documentário
Direção: Toni Venturi

Crítica: As gerações mais novas talvez só tenham ouvido falar da ex-chacrete Rita Cadillac como uma estrela de filmes pornográficos. Talvez nem imaginem como, muito antes de qualquer mulher-fruta mostrar seus atributos físicos na televisão, Rita e suas colegas chacretes roubavam a cena nos programas do apresentador Abelardo Barbosa, o Chacrinha. Também talvez não saibam que a chacrete, que ficou mais conhecida a partir da década de 1970, tenha muito mais inteligência a oferecer do que muitas beldades do momento. É o que fica comprovado no documentário, que mostra Rita de Cássia despida da imagem sexy, cozinhando e comprando água de lavadeira na porta de casa. Entrevistados como Rogéria, Hector Babenco e Drauzio Varella ressaltam a trajetória da dançarina e os reflexos de sua passagem na cultura popular brasileira. Em épocas de "Big Brother", celebridades virtuais e famas de curtíssima duração, o documentário retrata uma artista que se reinventou ao longo das décadas, com uma receita que soma muito trabalho, simpatia, talento, beleza e um bocado de generosidade. (Alysson Oliveira, do Cineweb)

Fonte: www.g1.globo.com